quarta-feira, 6 de julho de 2011

"Direito à maconha! Direito memória também!"

Luís Fernando Veríssimo - O Estado de São Paulo





Deixa ver se eu entendi. Querem liberar a maconha e proibir a pesquisa histórica, mesmo para fins terapêuticos. É isso? Nacionalizar a maconha e privatizar o passado? Uma coisa não teria nada a ver com a outra se a atitude comum do brasileiro em relação à sua história não se parecesse com a letargia e a despreocupação que - dizem, eu nunca provei - caracteriza o barato da maconha. Agora mesmo, pode-se imaginar que muita gente marchará pelo direito de fumar maconha sem culpa, no que estará com toda a razão, mas não se prevê nenhuma grande manifestação popular contra a proposta de proibir para sempre o acesso a certos documentos históricos, com faixas dizendo "Queremos saber tudo sobre a guerra do Paraguai". E no entanto o direito de conhecer o passado sem restrição deveria ser tão natural quanto o direito a um baseado descriminalizado. Não bastasse os militares sentados em cima dos dados e das dúvidas sobre o período da repressão vem essa ideia do segredo eterno para sonegar ainda mais à nação sua própria biografia. O objetivo é concluir que o passado não existiu e não se fala mais nisso. A presidente, dizem, aceitou a ideia do Sarney e do Collor, logo do Sarney e do Collor, contrariando o que deveria ser o seu instinto. Ó Dilma!

Imagens do Google Imagens.

Postado por Joice Ribeiro

Um comentário:

  1. Inversão de valores. Até se entende (mas não justifica) a atitude dos remanescentes do regime militar em postergar a divulgação de fatos ligados à história de nosso país, principalmente os acontecimentos que não estão tão longe. As atitudes insondáveis da mente humana muitas vezes extrapolam o cumprimento das ordem superiores.
    Por que esse receio de se escancarar as entranhas de nossas história? Quem não deve, não teme. É importante que se tenha em mente, não só em relação aos acontecimentos históricos, mas também aos de nossas vidas, que sempre haverá o dia da cobrança. Podem ser usados todos os subtefúrgios, todas as filigranas jurídicas e influências possíveis para se esconder e/ou omitir, escamotear os fatos, mas ninguém escapará ao julgamento do tribunal da consciência e ao da história. A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
    Quanto ao direito à maconha, cada um escolhe morrer mais cedo ou mais tarde, considerando-sea morte num porocesso natural. O uso da droga, seja a maconha, a cocaína ou até as legalizadas, como o álcool e o tabaco, contribuem para abreviar a vida e qualidade do perecimento do corpo físico.
    O problema é que quem morre em decorrência do uso de droga, não morre sozinho: dá trabalho pra família e causa sofrimento naqueles que nutrem sentimento de amor por eles.

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