Conhecida por devorar o macho de sua espécie após a cópula, a aranha viúva negra serviu para nomear a operação que desvendou o caso Joelson Ramos de Souza no Pará.
Savana Natália Barbosa Cruz e Raimundo Nonato Ferreira dos Santos foram acusados de assassinar Joelson em um motel, no município de Ananindeua, região metropolitana de Belém. O corpo da vítima foi encontrado dia 10 de junho, sem a ponta dos dedos e sem a cabeça, para dificultar o reconhecimento, atrasar a investigação policial e dar tempo de fuga para os suspeitos.
Depois de um mês de investigação, na tarde do dia 11 de agosto, os suspeitos do crime foram presos no interior do Pará, e conduzidos para a capital em um avião do Estado. Chegando a Belém, os réus foram apresentados à imprensa, findando então com êxito a operação de investigação da Policia Civil “Viúva Negra”.
Crimes desta natureza costumam chamar atenção da mídia e da população pelo alto nível de crueldade. Infelizmente todos os dias os jornais estampam no caderno policial diversos crimes, mas nem todos chocam a opinião publica. O interessante é pensar que crimes dessa natureza não são característicos somente de nosso tempo. Ao conversar com pessoas mais antigas, é comum escutar a frase “em meu tempo essas coisas não aconteciam”. Essa citação não condiz quando se pesquisa jornais de décadas passadas que comprovam que a “barbárie” não é inerente somente dos dias atuais.
Ao lhe dar diariamente com parte da documentação criminal do Centro de Memória da Amazônia percebe-se que ao longo dos três últimos séculos, crimes da mesma natureza ou até de maior gravidade aconteceram no Pará.
Um deles, disponível no acervo jurídico do CMA, registra que uma mulher vinda do município de Juruti, baixo Amazonas, para Belém veio morar com seu futuro marido e durante a estadia se relacionou com outro homem. A consequência foi uma gravidez indesejada. Com medo de ser expulsa da casa de seu noivo, Joaquina resolve provocar o aborto por meio quedas que atingissem seu ventre.
Em pouco tempo, Joaquina abortou um bebê de sexo feminino no banheiro da casa onde estava hospedada, abandonando o corpo em um vaso sanitário.
O crime foi descoberto pela senhora Matilde que fez Joaquina confessar o fato ocorrido em dois de abril de 1944.
Nesta época, o crime chocou a população da capital paraense e assim podemos fazer uma relação, pela ausência de defesa das vítimas, com o caso de Joelson.
Ainda é possível encontrar homicídios, crimes passionais, lesões corporais, estupros que causaram a indignação da população. Documentações processuais desta natureza são oriundas das varas criminais do Tribunal de Justiça do Estado do Pará já se encontra disponível para pesquisa de todo aquele que se interessa pelas diversas faces da história de nossa região, que está disponível no acervo do Centro de Memória da Amazônia.
Pseudônimos de "Joaquina" e "Matilde" retirados do acervo do CMA.
Postado por Adolfo Max
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