quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Deep Purple em Belém. Confirmado!


        O Deep Purple fará uma apresentação em Belém no dia 04 de outubro, no Cidade Folia. O show faz parte da turnê que o grupo traz para a América do Sul e que deverá passar por mais cidades, como São Paulo no dia 10 de outubro.
A atual formação do grupo britânico se mantém desde 2001, e inclui Ian Gillan (vocal), Roger Glover (baixo), Steve Morse (guitarra), Don Airey (teclados) e Ian Paice (bateria), sendo que este último é o único a se manter desde o início, em 1968, quando foi lançado o álbum Shades Of Deep Purple.
       A banda já esteve diversas vezes no País, sendo esta a 9ª passagem do quinteto pelo Brasil, mas será a primeira vez que o grupo se apresenta na capital paraense.
O Deeep Purple deve tocar hits como Highway Star e Smoke on the Water. 


Postado por Leila Carvalho

terça-feira, 23 de agosto de 2011

CRIMES HISTÓRICOS DO PARÁ

Conhecida por devorar o macho de sua espécie após a cópula, a aranha viúva negra serviu para nomear a operação que desvendou o caso Joelson Ramos de Souza no Pará.

Savana Natália Barbosa Cruz e Raimundo Nonato Ferreira dos Santos foram acusados de assassinar Joelson em um motel, no município de Ananindeua, região metropolitana de Belém. O corpo da vítima foi encontrado dia 10 de junho, sem a ponta dos dedos e sem a cabeça, para dificultar o reconhecimento, atrasar a investigação policial e dar tempo de fuga para os suspeitos.

Depois de um mês de investigação, na tarde do dia 11 de agosto, os suspeitos do crime foram presos no interior do Pará, e conduzidos para a capital em um avião do Estado. Chegando a Belém, os réus foram apresentados à imprensa, findando então com êxito a operação de investigação da Policia Civil “Viúva Negra”.

Crimes desta natureza costumam chamar atenção da mídia e da população pelo alto nível de crueldade. Infelizmente todos os dias os jornais estampam no caderno policial diversos crimes, mas nem todos chocam a opinião publica. O interessante é pensar que crimes dessa natureza não são característicos somente de nosso tempo. Ao conversar com pessoas mais antigas, é comum escutar a frase “em meu tempo essas coisas não aconteciam”. Essa citação não condiz quando se pesquisa jornais de décadas passadas que comprovam que a “barbárie” não é inerente somente dos dias atuais.

Ao lhe dar diariamente com parte da documentação criminal do Centro de Memória da Amazônia percebe-se que ao longo dos três últimos séculos, crimes da mesma natureza ou até de maior gravidade aconteceram no Pará.

Um deles, disponível no acervo jurídico do CMA, registra que uma mulher vinda do município de Juruti, baixo Amazonas, para Belém veio morar com seu futuro marido e durante a estadia se relacionou com outro homem. A consequência foi uma gravidez indesejada. Com medo de ser expulsa da casa de seu noivo, Joaquina resolve provocar o aborto por meio quedas que atingissem seu ventre.

Em pouco tempo, Joaquina abortou um bebê de sexo feminino no banheiro da casa onde estava hospedada, abandonando o corpo em um vaso sanitário.

O crime foi descoberto pela senhora Matilde que fez Joaquina confessar o fato ocorrido em dois de abril de 1944.

Nesta época, o crime chocou a população da capital paraense e assim podemos fazer uma relação, pela ausência de defesa das vítimas, com o caso de Joelson.

Ainda é possível encontrar homicídios, crimes passionais, lesões corporais, estupros que causaram a indignação da população. Documentações processuais desta natureza são oriundas das varas criminais do Tribunal de Justiça do Estado do Pará já se encontra disponível para pesquisa de todo aquele que se interessa pelas diversas faces da história de nossa região, que está disponível no acervo do Centro de Memória da Amazônia.





Pseudônimos de "Joaquina" e "Matilde" retirados do acervo do CMA.

Postado por Adolfo Max

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

ELEMENTAR, MEU CARO WATSON



Semana passada fiz uma descoberta incrível. Descobri um blog da Universidade de Stanford que permite a qualquer leitor interessado pelas aventuras de Sherlock Holmes, o famoso detetive do século XIX criado por Sir Arthur Conan Doyle, a ler as histórias no exato formato do folhetim da época, como se você estivesse lendo a The Strand Magazine em suas mãos, ou de modo mais realístico, na tela do computador. Como fã de carteirinha do detetive, resolvi escrever aqui no blog do CMA as relações indiretas que o detetive tem com a História, e mais ainda, o próprio acervo do Centro de Memória.

Na verdade, o que existe de mais fantástico em Sherlock Holmes e o que foi responsável pela sua popularidade na literatura policial, é o seu método de investigação. Este é, como diria o inspetor Lestrade, bem peculiar e algo nunca visto na história da investigação criminal. O próprio Sherlock diria que é algo elementar, ou seja, fundamental para chegar a um resultado cada vez mais próximo da verdade por trás do crime. Isto porque ele prioriza os aspectos mentais mais do  que os métodos forenses na cena do crime.
Para dar um exemplo, vou recontar uma cena de Um Estudo em Vermelho, em que Sherlock e o Dr. Watson descem da charrete, a  três quadras antes do local do assassinato permitindo assim, que o detetive analisasse as condições da vizinhança, da rua e das casas numa possível comparação. Ao chegar em frente a casa, antes de entrar ele ainda analisa os jardins, molhados pela chuva constante em Londres, a terra e a calçada. Ao encontrar o cadáver, Watson descreve a minuciosa análise que Holmes faz do corpo, desde cheirar os lábios do morto até verificar as solas do sapato que este usava.
Sherlock Holmes é perito em detalhes, estes que passariam despercebidos a qualquer um que desperdiçasse uma boa e minuciosa análise. Ele dá importância crucial aos pequenos elementos da história do crime, inclusive aos personagens “menos” importantes. São estes pequenos detalhes que ao “esconder” a vida daquelas pessoas, no caso de Holmes, fazem-no descobrir o grande motivo do crime.
A análise acima acontece de maneira equivalente quando se trata de Microhistória, também chamada de História vista de baixo, usando de uma metodologia bastante parecida com a investigação criminal de Holmes, pretendendo situar o sujeito e suas relações na sociedade como protagonistas de um processo histórico, sempre levando em conta as outras escalas que fazem parte do cotidiano daquelas pessoas.
Talvez o exemplo mais conhecido de Microhistória seja o trabalho do historiador italiano Carlo Ginzburg chamado “O queijo e os vermes”, no qual ele conta a história do moleiro Menocchio, perseguido pela Inquisição por conta dos seus pensamentos e conceitos considerados heréticos na época. O mais interessante é que através de Menocchio, o autor transmite várias informações sobre a região Friuli, a mentalidade das pessoas e o modo como elas interagiam com a Inquisição e vice e versa.
Assim sendo, posso dizer que todos aqueles que praticam Microhistória se aproximam parcialmente de Sherlock Holmes em seu método peculiar. Agora, com a abertura do Centro de Memória da Amazônia, onde existem não só histórias de pessoas comuns que se tornam importantes a partir de estudos feitos por historiadores, também existem histórias que fazem parte de algo bem maior, onde tudo é elementar, caro leitor.
                                                                

Texto: Amanda Brito Paracampo

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Chegou a hora! Divide ou não divide?

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No dia 05 de agosto deste ano, aconteceu no auditório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a audiência pública sobre as instruções que regulamentará o Plebiscito no Pará, o qual consultará a população paraense acerca da divisão do Estado do Pará para a criação de dois novos Estados: Carajás e Tapajós. Neste dia foi determinada a data do Plebiscito para 11 de dezembro de 2011, sobre o qual os eleitores de todo o território paraense terão a oportunidade de responder sim ou não a duas perguntas: “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado de Carajás?” e “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Tapajós?”.

Vejamos então o discurso pró e contra a divisão:

Os prós utilizam como justificavas a necessidade de desenvolver regiões “esquecidas” pelo poder público, quanto ao controle e a defesa efetiva do território pelo órgão nacional, assim como o desenvolvimento econômico destas regiões refletindo nas razões políticas e culturais (esta última ligada à identidade territorial), haja vista que nem todos se “sentem paraenses”, mas, tapajônicos, etc.

Os contras entendem que a criação dos Estados de Carajás e Tapajós imporá ao governo federal, pelos próximos 10 anos a descapitalização nos cofres públicos, haja vista, que terão que retirar alguns bilhões de reais a cada ano até os novos Estados terem autonomia econômica. Além disso, afirmam que quem ganhará serão os latifundiários, políticos corruptos (pois com a criação haverá a eleição para novos cargos políticos como governadores, senadores, entre outros) e empresas multinacionais protegidas pela Lei Kandir e Lei de Responsabilidade Fiscal, sobre as quais tiram dinheiro do âmbito social em proveito do capital financeiro. Defendem também que a solução não está na divisão do Estado do Pará, porém, na socialização de toda riqueza produzida de forma, que atenda a demanda social e econômica destas regiões “esquecidas” pelo poder público.

Estes argumentos são conhecidos por todos, no entanto, os 7.588,72 habitantes, conforme o Censo Demográfico de 2010, nos mostra a diversidade cultural do nosso Estado. Conhecido pelos ritmos populares, pela linguagem simples ou coloquial do povo paraense, que nos diferenciam do restante do país e principalmente pela comida tradicional. Quem nunca comeu açaí com farinha sem açúcar? Tacacá? Pato no tucupi? Quem nunca tomou um banho de rio ou igarapé e ouviu “estórias” de visagens, curupira, boto, entre outros?

Esses aspectos demonstram a dimensão simbólico-cultural do nosso Estado, que na minha visão nos une e separa, haja vista, que a população ribeirinha, tapajônica, entre outros, tem suas próprias especificidades culturais, assim como a população da capital. Entretanto, levando em consideração a desilusão desses indivíduos com os políticos que representam atualmente todo o Estado, por não atender as necessidades primordiais da população, reflete consequentemente na própria construção da identidade territorial pela emancipação e o desejo de um novo Estado que atenda suas exigências, ou melhor, insatisfações e necessidades, onde suas peculiaridades culturais poderão ser valorizadas (ver jingle em: http://migre.me/5toVJ).

Todavia acredito no multiculturalismo como algo positivo para manutenção da identidade paraense, porém, concordo que os debates em torno do desmembramento do Pará colocarão em “xeque” questões tão conhecidas por nós, ou seja, a má distribuição da riqueza pelo poder público no que se refere educação, saúde e a dimensão do sentimento de “ser” paraense que nos afastam e nos atraem como imã. Enquanto isso somos plateia do escândalo da ALEPA por escolhemos mau nossos representantes políticos.

O Pará já foi dividido
A discussão, em torno da divisão do Estado do Pará não é recente, pois no período colonial, o território que hoje conhecemos fazia parte de duas capitanias (Grão-Pará e Maranhão) e que posteriormente se separou do Maranhão. No entanto vale lembrar, o que valia naquele período como critério de divisão não pode ser utilizado como pretensões para o agora, pois há implicações que devem ser discutidas e avaliadas, conforme o contexto atual. Outro ponto importante é analisarmos como as mídias sociais se colocam perante este debate, pois elas funcionam como meio de manobra de decisão na hora da votação. Enfim espero que os leitores desta postagem deixem sua posição sobre o texto e comentem se são contra ou favor a divisão do estado do Pará.

Para mais informações sobre o assunto: SOUZA, Carlos Augusto da Silva; LOPES Maria Lúcia Bahia & BENTES Elizabeth dos Santos. A secessão nortista: aspectos socioeconômicos da redivisão territorial no estado do Pará: http://migre.me/5trCo

Postado por Débora Muniz
Google Imagens: http://migre.me/5tszF e http://migre.me/5tsRs

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O QUE DIZER?

Terezinha, uma senhorita no alto dos seus 20 anos, ao ver passar Maria à frente de sua casa, fica incomodada a partir do momento em que percebe que a beleza da moça chama atenção, principalmente a de homes. Por conta disso, resolve denomina-la por palavras desrespeitosas (remetentes à prostituição, por vezes) a fim de diminuí-la. Maria, por se sentir ofendida com a situação, resolve expor o caso à sua mãe, a qual não se contenta em deixar isso de lado. Leva sua filha moça a médicos para atestar a sua pureza e depois de confirmada a mesma, resolve denunciar Terezinha por difamação (relato extraído do acervo do Centro de Memória da Amazônia).
Apesar de ser algo relativamente comum nos anos 20 do século passado, este pensamento é bem recorrente à atualidade, visto que tantos escândalos podem ser vistos principalmente nas redes sociais, como é o caso que foi proferido por Mayara Petruso, estagiária de direito que, em sua concepção e sem sutileza alguma, achou interessante postar no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”.
A relação feita nos excertos acima, nos remete aos princípios da liberdade de expressar referente ao que se pensa, sem ferir os preceitos politicamente corretos, os quais, em muitos casos, acabam por inibir o pensamento primordial, levando a ponderar o ato de se expressar dos interlocutores para parecerem, por vezes, agressivos.
Piadas, quando colocadas fora de contexto, como no caso do humorista Rafinha Bastos em seu show stand-up, com relação ao tema “estupro”, acabam por levar à tona discussões muito mais intrínsecas do que é ofensivo ou não.  É necessário ter regras em qualquer sociedade e, para tal, não é de bom grado ou correto, politicamente ou não, bradar que aquela pessoa é gorda, homossexual, ou que possui alguma deficiência ou retardo mental. Não! Isso não é apologia a censura. Acredito apenas que o bom senso deveria fazer parte das exposições de opiniões de alguns formadores de opinião.
Aristóteles, em Ética a Nicômaco, diz que “é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir, isto é, aquele que é a causa interna de sua ação ou da sua decisão de não agir. A liberdade é concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesmo ou para ser autodeterminado”. Dentro desta ótica, o homem permanece livre, somente se este segue as regras pré-estabelecidas dentro de seus preceitos éticos.
Para Jean-Paul Sartre, o homem é livre e responsável por tudo aquilo que está à sua volta, tendo a liberdade como uma pena a ser paga: “O homem está condenado a ser livre”. Sendo assim, é possível burlar algumas regras, valendo-se de nossa responsabilidade pelas conseqüências que nossos atos podem nos levar e a punição que podemos sofrer simplesmente por sermos livres. Esta é a idéia de que o homem tem um poder de escolha, mas está sujeita às limitações do próprio homem.
Ainda assim, esta discussão está longe de acabar, pois há uma certa hipocrisia dentro dos ideais de moral e ética existentes na concepção de cada pessoa. Aliás, este assunto ainda faz ligação com muitas outras discussões que, se não fundamentadas devidamente, não passarão de palavras ao vento.


Texto: Aline Lima
Imagem: Google imagens: http://migre.me/5qnTR