sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mensagem da Semana

Desejo, desespero e solidão (Paulo Coelho)

Cada ser humano vive seu próprio desejo; faz parte do seu tesouro, e, embora seja uma emoção que possa afastar alguém, geralmente traz quem é importante para perto. É uma emoção que nossa alma escolhe, e é tão intensa que pode contagiar tudo e todos a nossa volta.

Escolhemos a verdade com a qual pretendemos viver. Procuramos ser práticos, eficientes, profissionais. Sempre é bom poder escolher o desejo como companheiro. Não por obrigação, nem para atenuar a solidão, mas porque é bom. Sim, é muito bom.

O amor é uma das coisas capazes de mudar totalmente a vida de uma pessoa, de um momento para o outro. Mas existe o outro lado da moeda, a segunda coisa que faz o ser humano tomar um curso totalmente distinto do que havia planejado: chamava-se desespero. Sim, talvez o amor fosse capaz de transformar alguém, mas o desespero, transforma mais rápido.

Podemos tolerar uma semana de sede, duas semanas de fome, muitos anos sem teto – mas não podemos tolerar a solidão. É a pior de todas as torturas, de todos os sofrimentos. Os homens sofrem com este sentimento destruidor – a sensação de que ninguém nesta terra se importa com eles.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tribunais

Foram publicadas, nesta semana, na Imprensa, notícias que dão conta sobre a possível criação de um Conselho dos Tribunais de Contas, que seria uma espécie de órgão fiscalizador do Tribunal de Contas da União (TCU) e dos Tribunais Estaduais, o que suscitou uma série de debates, sobretudo no âmbito da Internet.

Ora, não seria mais fácil, ao invés de criar “o fiscalizador do fiscalizador”, moralizar os nossos Tribunais? O primeiro passo deveria ser, ao nosso ver, a revisão dos critérios de indicação dos conselheiros, normas determinadas pela nossa Constituição Federal. Até quando “questões políticas” e “de favor” vão nortear essas indicações? Até quando o nepotismo será palavra de ordem dentro desses órgãos, que têm a nobre função de fiscalizar o poder executivo?
 
Enfim, esperamos que as nossas autoridades possam rever a ideia de criar o tal Conselho, não porque este não seja necessário – é sim, sem dúvida –, mas sim porque, ao invés de arcar com mais esse gasto, o povo merece medidas que evitem o aparecimento de problemas como a corrupção e o nepotismo em cargos públicos – e não que apenas se proponham a corrigi-los. 

Texto produzido por Elck Oliveira, jornalista e bolsista do Centro de Memória da Amazônia.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pará: Cores e sentimentos

Comece pelas águas grandes. Os rios de todas as cores, que no dizer do poeta são as nossas ruas, o levarão a uma viagem inesquecível. Mergulhe nos peraus sem fim, visite as encantarias. Yara ou boto – escolha o seu par vão lhe proporcionar uma nova dimensão do prazer.

A chuva da tarde, que não vai faltar, lhe dirá a hora do descanso, não sem antes receber os quitutes, através dos duendes da floresta: a maniçoba, o muçuã, o pato no tucupi e todas as iguarias que jamais sonhou e, para completar, a cuia de açaí. Assim sucumbirá, numa rede de tucum, à santa sesta, com direito ao canto do uirapuru. Ao despertar, pergunte ao Pajé mais próximo quais trilhas que levam à cidade, o curupira vai protegê-lo dos homens de mau agouro – que também os há nessas bandas – sempre ávidos na rapina das nossas riquezas.

Visite as igrejas do barroco. Assista a uma ópera no Theatro da Paz. Conheça o talento setecentista do Landi, aquele que antecipou o neoclássico no Brasil. Olhe para cima, Belém tem teto, verde e frutífero, são as nossas centenárias mangueiras lhe dando boas vindas. Compre as ervas do Ver-o-Peso, servem para curar todos os males, do corpo e da alma. Se a sua crença for pequena, procure uma casa de pena e maracá, nas cercanias da cidade, e tudo estará resolvido. Preserve o fim de tarde na Estação das Docas, sintonize o espírito no pôr-do-som e experimente entregar-se aos nossos ritmos e danças, ao sabor dos mais variados sorvetes das tantas frutas exóticas, a extasiar os paladares mais requintados.

Se, mesmo assim, tiver de partir, leve, ancho, a nossa saudade e diga por aí que existe “um país que se chama Pará”, situado num continente que se chama Amazônia. Quem sabe eles acreditem na sua Pavulagem de que tudo isso também é Brasil.

Paulo Chaves Fernandes.

Fonte: Texto de Apresentação da obra: “Pará: cores e sentimentos = Pará: colors and feelings/Geraldo Ramos, Octavio Ramos. – São Paulo: Escrituras Editora, 2004.”

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Documento do Mês de Janeiro

O documento do mês de janeiro corresponde a uma denúncia feita em 28 de julho de 1906 contra João Francisco da Silva natural da Sérvia e Carlo Menezes natural do Estado do Piauí, acusados de "exercício ilegal da medicina e prática de sortilégios". É importante entender que nesta época (final do século XIX e começo do século XX) qualquer prática medicinal que não fosse aquela regulamentada pelo Governo era considerada crime. Neste caso as testemunhas o acusam da prática de pajelança, visto com maus olhos por boa parte da população, que mesmo tendo esta prática como antiquada ou ultrapassada, ainda assim por diversas vezes recorriam a esta pratica caso a medicina legalizada não conseguisse "dar conta de todos os enfermos que surgiam". 

Com isso pode-se perceber que a prática apesar de ser proibida e mal vista pela população ainda sim era requisitada, talvez por ainda ter "crédito" para com a população, o que pode caracterizar a forte presença da cultura popular na sociedade paraense nessa época, apesar da ciência estar tentando ter o monopólio do conhecimento, mesmo que para isso ela precisasse menosprezar certos conhecimentos que hoje sabemos serem muito valiosos. Uma das testemunhas de acusação nos mostra bem esse caso, o Sr. João Carvalho que devido ao enfermo de sua mulher Maria Joaquina da Conceição acaba recorrendo aos serviços do dito curandeiro João Francisco da Silva para que através de suas habilidades pudesse realizar o tratamento de sua mulher, contanto que João Carvalho pagasse a quantia de 100 mil réis. Sua mulher por sua vez se recusa a receber o tratamento dizendo que: "... não o respeitou, por ser João Francisco da Silva um individuo que se desse a prática de pajelança, em vista das boas noções que lhe dera Menezes...", com isto vemos de um lado a requisição (e confiança) por parte de uns na prática e do outro a total negação de indivíduos com relação a estas praticas consideradas não confiáveis. O processo inteiro passa por essa dualidade, onde o as testemunhas tentam justificar (por vezes tentando se inocentarem que qualquer tipo de acusação) sua escolha por essa pratica por se tratar de uma pessoa que sabia fazer as mais diversas curas, como lhes era defendido por Carlos Menezes, deixando a entender por varias vezes eles deixavam se levar pelo desespero e pela crença em uma boa "propaganda" feita por Carlos Menezes. 

Documento proveniente do acervo criminal do Centro de Memória da Amazônia. 4ª Vara criminal – Exercício illegal da arte dentária e medicina. Sobre o tema ver: FIGUEIREDO, Aldrin Moura de. A Cidade dos Encantados: pajelança, feitiçaria e religiões afro-brasileiras na Amazônia. EDUFPA. Belém, 2008. 

* texto foi feito pelo bolsista Luiz André Cruz Moreira, acadêmico do curso de História – UFPA. 

O Café História


Atualmente, é grande o interesse de todos pelas redes sociais. Quer pela busca de diversão, com seus aplicativos, quer pela busca de amigos do convívio social e do mundo virtual, quer pela busca de contatos profissionais. A verdade é que tais redes já fazem parte da vida da maioria das pessoas. A partir dessa ideia e da ideia de que as pessoas buscam também interesses em comum é que foi pensado e criado o Café História.

Instituído em janeiro de 2008 pelo historiador e jornalista Bruno Leal, o Café História oferece um espaço para estudo e divulgação da História na web. Com um layout semelhante ao das redes conhecidas e utilizadas por todos nós, esse site tem também um chat de bate papo de mensagens instantâneas, onde os membros que se encontram on-line podem conversar entre si.

Entrevistas, matérias e divulgação de eventos são alguns dos serviços oferecidos pelo Café História. Para fazer parte desta rede, basta fazer um cadastro simples e aproveitar todo o conteúdo do site, que é gratuito. Essa é a sugestão do Centro de Memória da Amazônia. Entre e faça parte você também: http://cafehistoria.ning.com/

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Cor Púrpura

Sinopse: O filme: “A Cor Púrpura”, produzido por Steven Spielberg, retrata o universo machista e racista no inicio do século XX, tendo como cenário a cidade de Geórgia nos Estados Unidos e tem como foco a vida sofrida de duas personagens Celie ( Woopi Goldberg) e Nettie (Akasua Busia) ambas sentem na pele o preconceito e discriminação racial, em especial, Celie figura central do enredo. Pois no momento em que o telespectador assiste ao filme, o mesmo se envolve no mundo de Celie uma garota usada e violentada pelo próprio pai (posteriormente descobre que se tratava de seu padrasto), separada de seus dois filhos, casada com um homem violento, sendo ridicularizada diversas vezes no filme como, “preta”, “burra” e “feia”, abordando bem a questão racial, social e moral.

O filme mostra o choque cultural existente entre brancos e negros, retratado por Sofia (Oprah Winfrey); aonde a mesma tenta defender sua dignidade perante a senhora Millie (esposa do prefeito) não aceitando trabalhar como empregada na casa da mulher do prefeito e acaba sendo presa por vários anos, sofrendo humilhações físicas e morais. Sofia no decorrer do drama contrapõe-se à subordinação do sexo masculino negro, busca também a igualdade de direitos relativos às mulheres descendentes de origem européia, tornando-se exemplo da aversão a subjugação do homem negro no filme, do mesmo modo, arrisca-se a lutar contra posição de empregada doméstica de uma mulher branca.
Sofia teve coragem de resistir à subordinação ao homem negro, o mesmo não acontece com a recusa de ser serviçal da senhora Millie, mostrando desta forma a opressão de classe, gênero e etnia. Em suma o filme retrata a história de mulheres com seus conflitos existenciais em torno de uma sociedade marcada pela intolerância dos direitos femininos, cuja personagem central (Celie) vai ganhando consciência de si e de seu valor, enfrentando a discriminação reproduzida pelo seu pai e marido, figuras representativas do universo masculino na Geórgia. E por fim, libertando-se de seu próprio medo e angústias, dando lugar a sua emancipação no desfecho do filme, mostrando com clareza a situação de Gênero, classe e etnia que o universo feminino é inserido e discriminado.
Filme baseado no livro de Alice Walker: “A Cor Púrpura”, editado em 1986. Obra que reflete a luta feminina pela sua emancipação em pleno século XX, contudo uma história de mulheres que não deixa de ser atual no cotidiano do sexo feminino do século XXI.   
Escrito por: Débora Muniz, bolsista do Centro de Memória da Amazônia.