quarta-feira, 30 de março de 2011

Documentos Interessantes: O Crime do Magnetismo

No ano de 1892 em Belém do Pará, houve um crime excêntrico uma pratica mau sucedida de Magnetismos. Na época nomearam o caso como Crime do uso de Magnetismo. O Magnetismo se trata na verdade da técnica de hipnose que em 1892 ainda estava no inicio de sua utilização para curar doenças; Bernheim (1843-1917) junto com Liebeault (1823-1940) fundou a escola de Nancy. Bernheim recusou a teoria de um fluido magnético e considerava a sugestão, a idéia, como a ação que hipnotizava. O médico francês Chacot (1825-1893) era um famoso neurologista francês da histeria. Charcot e seus ajudantes hipnotizavam aos doentes com as técnicas que tinham aprendido do marquês de Puyfontaine. 

Os doentes costumavam viver crises violentas e, em muitos casos, os sintomas desapareciam. Consta no Processo de 1892 do 2° Distrito Criminal, que um português de nome João Francisco Lagõas, hipnotizou uma mulher de nome Amelia de Sousa Nunes e logo em seguida começou fazer perguntas obscenas, atentando contra o pudor da mesma que se encontrava em sono profundo. A infeliz Amelia, influênciada pelas sugestões de Lagõas, entrou em estado de pavor ao ponto de perder a consciência; e pelo auto de corpo delito verificou-se a causa da loucura decorreu-se pela hipnose mal empregada. 

Texto produzido pelo ex-Bolsista Dionardo Diogo Sabádo de Sousa.

Clique aqui para ver fotos do documento no site do CMA
Clique aqui para ver a Transcrição do Documento

sexta-feira, 25 de março de 2011

Rainha Pagã de Hollywood

Impossível, nesta semana, não falar algo sobre a magnífica Elizabeth Taylor, atriz norte-americana que acaba de falecer, deixando-nos – a todos nós, inclusive àqueles que, como eu, não tiveram a oportunidade de acompanhar o auge da carreira de miss Taylor – órfãos de mais uma diva do cinema. Em função disso, reproduzo, abaixo, um texto de Camille Paglia, publicado na Revista Penthouse, em 1992, intitulado “Rainha Pagã de Hollywood”, muito bem lembrado pelo jornalista Paulo Bemerguy (do blog Espaço Aberto).

"(...)Elizabeth Taylor é, em minha opinião, a maior atriz da história do cinema. Ela entende intuitivamente a câmera e suas intimidades não verbais. Abrindo os olhos violeta, conduz-nos ao reino líquido da emoção, que habita por intuição pisciana. Richard Burton disse que ela o ensinou a atuar para a câmera. Economia e contenção são essenciais. Em sua melhor forma, Elizabeth Taylor simplesmente é. Uma carga elétrica, erótica, faz vibrar o espaço entre o rosto dela e a lente. É um fenômeno extra-sensório, pagão.

Meryl Streep, à maneira protestante, entusiasma-se com as palavras; exibe sotaques inteligentes como uma máscara para suas deficiências mais profundas. (E não sabe dizer uma fala judia; destruiu o cáustico diálogo de Nora Ephron em A difícil arte de amar.) O trabalho de Meryl não vai longe. Tentem dublá-la para cinemas indianos: não restará nada, só aquele rosto ossudo, cavalar, movendo os lábios. Imaginem, por outro lado, atrizes menos técnicas como Heddy Lamarr, Rita Hayworth, Lana Turner: essas mulheres têm um apelo internacional e universal. Seriam belas no Egito, Grécia, e Roma antigos, na Borgonha medieval ou na Paris do século XIX. Susan Haywad fez Betsabé. Tentem imaginar Meryl Streep num épico bíblico! Ela é incapaz de fazer os grandes papéis legendários ou mitológicos. Não tem poder elemental, não tem aquela sensualidade tórrida.

(...)Elizabeth Taylor é uma criação o show business, dentro do qual ela tem vivido desde que começou como atriz infantil. Ela tem a hiper-realidade de uma visão de sonho. Meryl Streep, com seu chato decoro, é bem-vinda à sua pose de atriz esforçada e despretensiosa. Eu prefiro a velha Hollywood lixo, cafona, a qualquer hora. Elizabeth Taylor, entusiasticamente comendo, bebendo, no cio, rindo, xingando, trocando de maridos e comprando diamantes aos montes, é uma personalidade em escala grandiosa. É uma monarca numa época de tristes liberais. Como estrela, ela não tem, ao contrário de Greta Garbo, Marlene Dietrich e Katharine Hepburn, qualquer ambiguidade sexual em sua persona. Terrena e sensual, apaixonada e voluntariosa, mas terna e empática. Elizabeth Taylor é a mulher em suas muitas fases lunares, admirada por todo o mundo".

Texto indicado pela bolsista Elck Oliveira

quarta-feira, 23 de março de 2011

Jogo: The History Channel: Civil War - A Nation Divided

Ficha Técnica:

Título: The History Channel: Civil War - A Nation Divided
Gênero: Guerra/Tiro
Fabricante: Activision
Lançamento: 2006
Idioma: Inglês
Plataforma: PlayStation 2
 
Sinopse:

Mergulhe no caos sinta a intensidade da guerra que dividiu uma nação! A Guerra Civil foi um momento decisivo na história dos Estados Unidos da América, quando 3 milhões de pessoas lutaram e mais de 600.000 morreram. Agora você pode experimentar a história reencarnada no primeiro jogo de tiro em primeira pessoa da Guerra Civil já feito para consoles de videogame. Jogue como um Soldado da União ou Confederado nas batalhas mais históricas dos Estados Unidos da América. Use armas autênticas, lute em intensos combates corpo-a-corpo, use explosivos, sabote a artilharia inimiga, destrua edifícios e mais!

Análise do Jogo:

O presente jogo teve seu lançamento simultâneo a um documentário da History Channel que retrata o mesmo evento: a guerra civil Americana. Neste jogo podemos observar ricos detalhes acerca da guerra, bem como de um modo didático apreender aspectos muito importantes deste evento.

No menu principal se tem um ícone cujo nome é Bônus, neste ícone se encontra um vídeo onde é retratado de modo breve a história da guerra. Começando o jogo, o jogador deve escolher de qual lado estará, isto é, se será soldado da união ou confederado, este é um recurso importante, pois permite ao jogador ver os dois lados do conflito.
O jogo possui níveis que retratam as principais batalhas da Guerra da Secessão, incluindo Gettysburg, Bull Run, Shiloh, Antietam, Cold Harbor. Antes de cada nível exibisse um documentário em vídeo descrevendo os momentos históricos de cada batalha, movimentos de tropas, combates locais, fotografias históricas e estatísticas das batalhas. Outro fato a se destacar é que o combate corpo-a-corpo (fig. 2), isto é, os oponentes duelam próximos, já que na época da guerra não havia armas de grande alcance como temos hoje, por isso para que um tiro fosse certeiro a proximidade era fundamental. Com relação a isso, cabe ainda destacar o armamento presente que vão de rifles de repetição, vários tipos de granadas, artilharia explosiva, metralhadoras, revólveres, baionetas, mosquetes e até sabres.

Fig.2
Fig. 4

 
Recria-se ainda métodos autênticos de luta durante a Guerra Civil, incluindo combates em linhas (fig. 3), barragens de artilharia, assaltos urbanos, tiros de precisão, camuflagem e sabotagem. Destaque-se nisto, a possibilidade de sabotar as linhas telegráficas do inimigo, método muito usado durante o conflito em vista de obstruir sua comunicação. Observa-se nos cenários a tentativa de se recriá-los tal como eram, nota-se várias paisagens, incluindo estações ferroviárias, moinhos, fortes militares, cidades e grandes campos de batalha abertos.
Fig.3
Por fim, cabe salientar os estudos feitos para a produção deste jogo, que como já dissemos foi conseqüência de um documentário produzido pela History Channel. Sendo as recriações dos campos de batalha inspiradas em mapas topográficos e fotografias dos terrenos reais, e as batalhas baseadas em situações ocorridas e em métodos de combate que foram realmente empregados.

Texto e indicação do bolsista João Antônio Lima

Referências:
The History Channel: Civil War - A Nation Divided. Activision, 2006.  
http://gamesdrt.blogspot.com/, acessado em 09 de dezembro de 2010, às 22h30m.
Imagens:
Fig 1: http://plataformagames.blogspot.com/2010/11/history-channel-civil-war nation.html, acessado em 09 de dezembro de 2010, às 23h46m.
Fig 2,3,4 e 5: http://jogos.uol.com.br/playstation2/fichas/historychannelcivilwar.jhtm, acessado em 10 de dezembro de 2010, às 00h07m.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Recomeço



Às vezes fico pensando quantos sonhos e planos não se perderam por medo ou por receio de que as coisas não iam dar certo ou pelo simples fato de que é mais fácil não fazer nada sempre seguindo a lei do menor esforço esta que nos faz pessimista,preguiçosos,submissos ou pré-potentes em relação ao próximo e a vida e ficamos de braços cruzados esperando as coisas virem do céu mais nada cai do céu naturalmente só a chuva isto é algo que aprendemos porém as vezes não assimilamos então quebramos a cara nos indignamos com as coisas mais não fazemos nada para mudar a situação ficamos em meio a discursos vazios sem agirmos para que as coisas mudem seja em nossa vida pessoal quando não fazemos nada para mudarmos nossa condição e nosso modo de vida e mesmo vendo que estamos nos prejudicando nos enfiando cada vez em um buraco cada vez mais profundo e sem saída falando pra nós mesmos que vamos mudar mais nada muda e também não movemos uma palha  para que nossa vida mude prejudicando a nós mesmos e àqueles que amamos cometendo erros atrás de erros de maneira consciente, ou até inconscientemente,  por que temos a capacidade de aprender com os erros mais se não aprendemos nada com erros estamos fadados ao fracasso.

E é por isso que por mais que seja difícil tem certos momentos que é bom avaliarmos a nossa vida para começarmos tudo de novo revendo nossos conceitos, aceitando as diferenças transformando os erros em possíveis acertos tendo a capacidade de ver que o que fazemos só esta nos prejudicando para que possamos dizer que tudo que fizemos valeu a pena e quando sabemos leva a vida da maneira correta e não deixando que ela nos leve e sim  tomando as rédeas de nossas vida da maneira pela qual temos certeza que nunca vamos nos arrepender  ou nos prejudicar com tudo que fizemos tendo a certeza que tudo valeu a pena e que de uma maneira ou de outra fizemos o possível para deixarmos o mundo melhor do que encontramos ou simplesmente a vida daqueles que estão ao seu redor um pouquinho melhor. Para que não venhamos a chorar um dia o tanto que perdemos pelas nossas escolhas em relação ao que ganhamos com elas.

Texto de autoria do bolsista Alan Clayton

quinta-feira, 17 de março de 2011

Novos olhares do Brasil Colonial



O conhecimento que temos sobre o Brasil é quase todo baseado em documentos escritos, a maioria da população não tem idéia de qual teria sido a aparência das vilas e cidades nos primeiros séculos de colonização. O livro “Imagens de vilas e cidades do Brasil colonial’’ de Nestor Reis, é o resultado de uma pesquisa sobre a documentação iconográfica do Brasil nos primeiros séculos do Brasil colonial, nos permitindo uma maravilhosa viagem no tempo. 

Desenhos de valor inestimável, alguns aquarelados guardados e praticamente esquecidos nas bibliotecas e arquivos do Brasil e da Europa, algumas imagens deste livro são bem conhecidas pelo uso de historiadores nas suas obras, mais na maioria inéditas ou pouco conhecidas.

Os desenhos são de autoria dos militares portugueses, os mesmos são responsáveis pela maioria da documentação. Vilas e cidades mais antigas apresentam muros e portas como grandes fortalezas como é o caso das cidades do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Pará.

Imagens de Bragança e Ourém no inicio da colonização.

 
A primeira parte do livro apresenta imagens e na segunda parte encontram-se comentários sobre as imagens, é um trabalho riquíssimo que permite uma reinterpretação da história da urbanização e do urbanismo no Brasil, além de uma revisão dos processos de ensino da história. 
Vale à pena conferir.

Texto e indicação da bolsista Aline Lima

quarta-feira, 16 de março de 2011

Documentos Interessantes: Defloramento

Em meio a um circulo complexo de costumes e regras do século XIX, os crimes de defloramento eram visto como rompedores do pudor familiar, da honra da casa, vergonha para todo pai, que em muitos casos carregava em seus ombros a culpa pelo ocorrido com suas filhas. Estes pais, buscando a honra e a dignidade perdida, travavam cansativas batalhas judiciais, em busca de punição para aquele que desonrara sua filha; dentre estes pais encontramos o senhor Isidoro Marques de Oliveira Brito, pai da menor Alcidia, que fora deflorada por seu namorado, no ano de 1890. 

O pai esta presente em todas as instancias do processo, procurando de todas as formas provar que sua filha fora corrompida, iludida pelas promessas de casamento, e que por assim crer, acabou se entregando ao acusado. O processo não apresenta conclusão, deixando-nos, assim, sem saber do desfecho do caso. Mas o bilhete, escrito em forma de poema, do acusado para a menor, nos faz entender que esta faleceu, por motivos desconhecidos; a luta do pai pela honra fora, provavelmente, interrompida pela tragédia.

Texto e Documento transcrito pela bolsista Anndrea Tavares

sexta-feira, 11 de março de 2011

Iron Maiden em Belém



Dia 01 de abril de 2011 acontecerá em Belém do Pará um dos shows mais aguardados pelo público “metaleiro” Da nossa cidade, o show da banda Inglesa Iron Maiden, o show que abrangerá Belém também passará por 26 cidades em 13 países e cinco continentes num total de 29 shows, será uma das maiores turnês já realizadas pela banda, com duração de dois anos. A turnê “The Final Frontier World Tour” será percorrida pelos cinco continentes à bordo da aeronave própria da banda, o “Ed Force One”, em homenagem ao mascote da banda chamado de “Eddie”. 

A aeronave, um Boeing 757 carrega aproximadamente 10 toneladas de equipamentos de som pelo planeta, o avião será todo customizado com a temática da turnê, que tem como eixo seu ultimo trabalho em estúdio, o álbum The Final Frontier (2010), algo como “a fronteira final” (tradução livre) sendo o décimo quinto trabalho produzido pela banda em estúdio em 30 anos de carreira desde o lançamento de seu primeiro disco “Iron Maiden” (1980), mantendo uma impressionante média de 2 álbuns em estúdio a cada dois anos. 

Ao longo da sua carreira, a banda encabeçada pelo baixista Steve Harris, vendeu mais 80 milhões de álbuns, e desde 2005 durante sua turnê Americana a banda foi adicionada à Calçada da Fama de Hollywood, e em 2002 recebeu o premio Ivo Novello em reconhecimento às suas realizações ao longo de sua carreira como uma das mais bem sucedidas parcerias de composição da Inglaterra.

A banda conta com Bruce Dickinson nos vocais, Steve Harris no baixo, Dave Murray, Janick Gers, e Adrian Smith nas guitarras e Nicko McBrain na bateria, e o Show promete ser um grande evento onde esperam os “headbangers”, que coloque Belém na rota das principais bandas do gênero Heavy Metal em suas turnês pela América do Sul. “UP THE IRONS” 

Texto produzido pelo bolsista Thiago Moura

Mensagem da Semana

A verdadeira grandeza está na humildade; a verdadeira vitória na paciência; a verdadeira felicidade no sacrifício; a verdadeira riqueza no desapego de tudo; o verdadeiro lucro em dar aos necessitados; a verdadeira glória no sofrimento; a verdadeira realeza no serviço de Deus; o verdadeiro progresso na renúncia de si mesmo; a verdadeira liberdade na sujeição ao dever; o verdadeiro gozo na imolação das paixões; a verdadeira habilidade na simplicidade do coração; a verdadeira sabedoria na loucura da Cruz.
Dom Antônio de Macêdo Costa, 10º Bispo do Pará (1860-1890)

quinta-feira, 10 de março de 2011

O Museu do Marajó


“Um museu na medida certa”

Foi assim que a professora Denise Shaan chamou o Museu do Marajó, criado em 1984 pelo Padre jesuíta Giovanni Gallo, na cidade de Cachoeira do Arari. O museu foi idealizado após Gallo receber alguns cacos de cerâmica arqueológica marajoara encontrados na região do Arari. A idéia inicial do museu era de promover uma política de valorização da cultura marajoara, além de ajudar econômica e socialmente as famílias de Cachoeira.


 A constituição do acervo foi feita por doações da comunidade de artefatos arqueológicos, como um fóssil do período cretáceo de milhões de anos, alem do acervo documental feito por Giovanni Gallo durante seus trinta anos de morada no Marajó, constituído por fotos do cotidiano caboclo, as memórias da população, seus saberes e fazeres, detalhados também em inúmeras crônicas no período que fora colunista de jornal; estas crônicas foram reunidas no livro “Marajó: a Ditadura das Águas” que vendeu mais de nove mil exemplares em suas varias edições.

Tangas de Cerâmica, exposição permanente no museu
Giovanni Gallo achava que o museu deveria ser algo dinâmico, divertido, diferentes dos grandes museus, sérios demais para a mente do padre. Assim, definia o Museu do Marajó como um grande brinquedo, onde os visitantes poderiam mexer em painéis, virar plaquinhas, abri gavetas, desvendar segredos como em um computador, mas em um “computador da roça”, explicava Gallo.

Infelizmente nosso museu pede socorro! Os recursos para a manutenção do prédio e do acervo são precários, assim como os demais recursos destinados aos municípios da Ilha; o prédio já se encontra em péssimas condições e o acervo ameaçado.

Hoje, no dia em que celebramos 8 anos do falecimento de Giovanni Gallo, queremos deixar nosso convite à vocês para que conheçam o museu, valorizem a cultura marajoara que faz parte da cultura paraense, e que também possam ajudar para que este sonho não morra junto com seu idealizador.

Fachada do Museu
 Vale a pena conferir, desde já, boa viagem! 

Texto e indicação de autoria da bolsista Anndrea Tavares

segunda-feira, 7 de março de 2011

Documento do Mês de Março

O processo selecionado do mês de março para a seção "Documento do Mês", constitui-se em um tipo de requerimento, chamado de Licença para casamento, datado de 1883. Naquele momento, final do século XIX, esse tipo de processo normalmente ocorria quando alguém, usualmente um menor de idade (a maioridade, na época, era legalmente reconhecida aos 21 anos de idade), pretendia casar-se e não tendo, para isso, o consentimento dos pais – tutores e responsáveis legais pelos filhos, tal qual como continuam sendo hoje em dia –, recorria à Justiça para poder efetivar o matrimônio nos termos da lei. 

Vale lembrar, como enfatiza o historiador Daniel Souza Barroso, na monografia de conclusão de curso intitulada "O casamento, em Belém, no início do século XX" – apresentada à Faculdade de História da Universidade Federal do Pará (UFPA) em 2009 –, que "o registro civil de casamento passou a vigorar no Brasil somente a partir de 1874 quando todos aqueles que se casassem no Império, sejam eles católicos ou não, deveriam ser registrados em Cartório, no máximo trinta dias após o casamento" (pág. 12). Daí, a necessidade de obter a licença para contrair núpcias. 

Em relação ao documento por nós tratado, aparece o caso de um rapaz, de nome Felismino Augusto Ferreira de Mattos, que, aos 20 anos de idade, desejando casar-se com uma moça de nome Sebastiana da Silva Cruz, recorre ao Judiciário para efetivar o matrimônio, uma vez que o pai dele – João Antônio Ferreira de Mattos – insiste em não consentir a união. 

É importante dizer que o processo não está completo, logo, não sabemos se, de fato, o casamento foi realizado. Contudo, no interior do mesmo é possível observar algumas questões interessantes. Ao longo da instrução processual, João Antônio Ferreira de Mattos, ouvido em depoimento, argumenta que, além de o filho ser muito jovem para assumir uma família, ele não possui condições financeiras para prover o lar.
Esse tipo de argumentação pode ser facilmente explicada pelo fato de, naquele momento, o sustento da família ser um papel socialmente atribuído ao homem. Sobre isso, nos diz Daniel Souza Barroso: "Dentro dessa unidade conjugal há papéis familiares de gênero associados ao marido e à esposa. Ele, na condição de provedor e mantenedor do Lar, tanto no sentido econômico, quanto moral. Ela, por sua vez, no papel de boa esposa, mãe e dona-de-casa. Obviamente, isso é somente uma idealização do casamento, existente dentro de uma multiplicidade de outras experiências" (pág. 13). 

Ainda segundo Barroso, "poderíamos entender consentimento paterno como um mecanismo legal do qual os pais se apropriariam para influir diretamente na escolha do cônjuge do filho. Em contrapartida, seus filhos adotavam diversas estratégias para de alguma forma burlar um não consentimento" (pág. 22). Nesse sentido, o nosso personagem em questão, Felismino Augusto Ferreira de Mattos, também tenta, de alguma maneira, conseguir a almejada licença, mesmo sem a aprovação do pai. Para isso, por exemplo, afirma sim ter condições de sustentar o lar, através do ofício de ferreiro, o qual, segundo o pai, não passava de uma espécie de estágio, um aprendizado. 

Infelizmente, não conseguimos saber se Felismino e Sebastiana conseguiram, de fato, se casar, pelo fato de o documento estar incompleto, mas a leitura do processo vale a pena, por todas as questões acima levantadas e, ainda, por outras que porventura possam, a partir dele, ser engendradas. 

Pelos bolsistas Elck D. C. de Oliveira e Érick Jean

Bibliografia: BARROSO, Daniel Souza. "O casamento, em Belém, no início do século XX (Monografia de conclusão de curso). Belém: UFPA, 2009.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Mensagem da Semana


A vaidade é o caminho mais curto para o paraíso da satisfação,porém ela é, ao mesmo tempo, o solo onde a burrice melhor se desenvolve.

Augusto Cury

Calouros História - 2011 são recebidos no CMA

Na tarde do dia 1 de março, o Centro de Memória da Amazônia recebeu os calouros 2011 do Curso de História, na ocasião os calouros conheceram a infra-estrutura do CMA, suas atividades e de modo especial o Acervo. Algumas fotos deste dia:

Prof. Otaviano, diretor do CMA, apresentando o site.


Calouros tendo contato com a documentação.


bolsista Thiago Moura mostrando o livro "Rol dos Culpados", o que mais chamou a atenção dos calouros.


quinta-feira, 3 de março de 2011

Despedida de bolsistas

Na tarde do dia 24 de fevereiro, os funcionários e bolsistas do CMA se confraternizaram em despedida  a três de seus bolsistas: Ana Terra, Camilo Pinto da Silva e Cecília Patello, esta última tendo seu aniversário também sido comemorado. Algumas fotos deste dia:

Agradecimentos da aniversariante
 


O Corte


Todos estão cientes das notícias que são manchetes no momento, seja as tensões na Líbia ou a enchente em São Paulo que causou muitos transtornos à população. Essas noticias estavam  em todos os jornais televisivos na noite de 28 de fevereiro de 2011. Porém a que mais me chamou a atenção era a que estava relacionada ao corte orçamentário para 2011, que por sinal deixou-me bastante frustrado.

O governo estipulou cortes em diversas pastas, como por exemplo: Cidades (R$ 8,5 bilhões), Defesa (R$ 4,3 bilhões) e Turismo (R$ 3 bilhões). Mas a que me chamou a atenção mesmo foi à educação que sofreu um corte de R$ 3,100 milhões, bom ai alguém pode dizer que não foi tão ruim assim pois as outras pastas sofreram cortes maiores. É pode ser realmente que houve cortes maiores, só que não faz muito tempo uma propaganda maciça de valorização de professores e de investimento em educação estava no ar ou ainda está o que é provável. E na hora de apertar o “cinto” à importância da educação não é levada em conta. Porém nas próximas eleições provavelmente haverá candidatos que usaram dos velhos jargões de abandono da educação e da saúde para se eleger e tirarem proveito dos cargos públicos. 

O que me faz parar para refletir é se ao invés de corta da educação ou da saúde não seria mais viável e produtivo cortar das despesas com os nossos políticos, que ao invés disso aumentaram seu salário de R$ 18,000 para R$ 26,000. Enquanto o salário mínimo ficou após muita discussão e gasto de dinheiro publico para isso, em R$ 545,00. Acho que o melhor a fazer é seguir o exemplo do Egito e da Líbia e arrancar esses usurpadores do poder.  

Texto de autoria do bolsista Antônio Jaster

quarta-feira, 2 de março de 2011

Documentos Interessantes: Exibição de Autógrafo

O documento é um processo criminal do ano de 1901. Trata-se de uma petição para Exibição de Autógrafo; funcionava da seguinte maneira: Saía uma notícia no jornal, se essa notícia desagradasse alguém esta pessoa requeria, em juízo, para que o responsável pelo jornal, geralmente o editor ou redator chefe, apresentasse o autor da notícia; assim, aquele que se sentisse lesado poderia tomar as medidas cabíveis. 

O processo em questão trata de uma denúncia que saiu no jornal Republica na manhã de uma quinta – feira, no dia 10 de janeiro de 1901. Assinado por M.R. Lima, a nota trazia à público uma denúncia contra o subprefeito Joaquim Oliveira, onde o mesmo teria recebido um saque na importância de 10 contos de réis para ser remetida ao Ceará, de acordo com as instruções do seringueiro. No entanto, segundo a denúncia, o subprefeito teria gasto ilicitamente a referida quantia. O seringueiro no afã de reaver ao menos parte do dinheiro, contrata um cobrador chamado Hollanda.

No entanto, ao ser cobrado, o subprefeito Joaquim manda prender o Sr. Hollanda e passa a persegui-lo, segundo a nota do jornal. Esta fonte abre um leque de possibilidades de estudos e análise, como por exemplo a questão do abuso de autoridade, os crimes cometidos por pessoas públicas, a utilização dos jornais como meio de denúncias por parte da população ou até mesmo disputas políticas. Importante também perceber que este documento traz à luz outra questão recorrente na Belém do início do século XX, a imigração nordestina e o trabalho de nordestinos na extração gomífera. Documento proveniente do acervo criminal do Centro de Memória da Amazônia. 2° distrito criminal – diversos – caixa nº 05. 

Texto produzido pelos bolsistas Thiago Moura Martins e Marília Cunha Imbiriba.