quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O QUE DIZER?

Terezinha, uma senhorita no alto dos seus 20 anos, ao ver passar Maria à frente de sua casa, fica incomodada a partir do momento em que percebe que a beleza da moça chama atenção, principalmente a de homes. Por conta disso, resolve denomina-la por palavras desrespeitosas (remetentes à prostituição, por vezes) a fim de diminuí-la. Maria, por se sentir ofendida com a situação, resolve expor o caso à sua mãe, a qual não se contenta em deixar isso de lado. Leva sua filha moça a médicos para atestar a sua pureza e depois de confirmada a mesma, resolve denunciar Terezinha por difamação (relato extraído do acervo do Centro de Memória da Amazônia).
Apesar de ser algo relativamente comum nos anos 20 do século passado, este pensamento é bem recorrente à atualidade, visto que tantos escândalos podem ser vistos principalmente nas redes sociais, como é o caso que foi proferido por Mayara Petruso, estagiária de direito que, em sua concepção e sem sutileza alguma, achou interessante postar no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”.
A relação feita nos excertos acima, nos remete aos princípios da liberdade de expressar referente ao que se pensa, sem ferir os preceitos politicamente corretos, os quais, em muitos casos, acabam por inibir o pensamento primordial, levando a ponderar o ato de se expressar dos interlocutores para parecerem, por vezes, agressivos.
Piadas, quando colocadas fora de contexto, como no caso do humorista Rafinha Bastos em seu show stand-up, com relação ao tema “estupro”, acabam por levar à tona discussões muito mais intrínsecas do que é ofensivo ou não.  É necessário ter regras em qualquer sociedade e, para tal, não é de bom grado ou correto, politicamente ou não, bradar que aquela pessoa é gorda, homossexual, ou que possui alguma deficiência ou retardo mental. Não! Isso não é apologia a censura. Acredito apenas que o bom senso deveria fazer parte das exposições de opiniões de alguns formadores de opinião.
Aristóteles, em Ética a Nicômaco, diz que “é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir, isto é, aquele que é a causa interna de sua ação ou da sua decisão de não agir. A liberdade é concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesmo ou para ser autodeterminado”. Dentro desta ótica, o homem permanece livre, somente se este segue as regras pré-estabelecidas dentro de seus preceitos éticos.
Para Jean-Paul Sartre, o homem é livre e responsável por tudo aquilo que está à sua volta, tendo a liberdade como uma pena a ser paga: “O homem está condenado a ser livre”. Sendo assim, é possível burlar algumas regras, valendo-se de nossa responsabilidade pelas conseqüências que nossos atos podem nos levar e a punição que podemos sofrer simplesmente por sermos livres. Esta é a idéia de que o homem tem um poder de escolha, mas está sujeita às limitações do próprio homem.
Ainda assim, esta discussão está longe de acabar, pois há uma certa hipocrisia dentro dos ideais de moral e ética existentes na concepção de cada pessoa. Aliás, este assunto ainda faz ligação com muitas outras discussões que, se não fundamentadas devidamente, não passarão de palavras ao vento.


Texto: Aline Lima
Imagem: Google imagens: http://migre.me/5qnTR

Um comentário:

  1. Aconteceu uma polêmica desta com o cineasta dinamarquês Lars Von Trier, por causa de algumas indagações deste teor, em relação à sua simpatia por Hitler.

    É tudo uma hipocrisia só! Enquanto ficam na onda do politicamente correto, os políticos incorretos que temos aqui no Brasil roubam cada vez mais a sociedade na nossa cara, na certeza de que sairão impunes.

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