terça-feira, 13 de setembro de 2011

A SECULARIZAÇÃO DOS CAMPOS SANTOS


Até o fim da primeira metade do século XIX os sepultamentos eram feitos no interior de igrejas ou proximidades das mesmas. Essa idéia estava altamente vinculada à salvação, pois “ser sepultado dentro da igreja era a salvação certa”.
Havia também a certeza de que, desta maneira, os mortos não eram esquecidos pelos vivos, pois dividiam o mesmo espaço e mantinha-se assim o rito da “encomenda das almas”.
Porem essa prática foi sendo mudada de acordo com o desenvolvimento cientifico que incentivava a desodorização e a higienização em busca da salubridade do ambiente urbano, tão ameaçado por epidemias. Que para tal, estimulou os enterros em locais afastados.
Em 14 de janeiro de 1801 uma carta Régia autorizou a construção de cemitérios a céu aberto em Belém. No entanto, o primeiro cemitério de Belém só foi inaugurado em 1850 (Nossa Senhora da Soledade). O que fez crescer os vínculos com irmandades para garantir o funeral dentro dos terrenos santos, já que ninguém queria ser enterrado nesses espaços, pois os cemitérios eram locais expostos, afastados e fugiam a tradição, gerando inquietações religiosas, políticas, culturais e sociais.
Cemitério Nossa Senhora da Soledade, Belém
http://belemdetalhes.blogspot.com/2010/11/soledade-um-museu-ceu-aberto.html
Estes locais passaram a receber indígenas, negros, indigentes, maçons, acatólicos, miseráveis, excomungados e por esses motivos os cemitérios não eram bem vistos socialmente e religiosamente, mesmo com as orientações a cerca de contaminações e odor fúnebre (miasma). 
É importante dizer que o estado continuou tento o cuidado com as almas, pois manteve a presença de um altar nos cemitérios para a “encomenda das almas”.
Até hoje passamos por dilemas entorno da morte, falasse mais dos mortos do que da morte em si, por motivo de negação talvez, ou pelo temor do desconhecido.
A morte seria o fim de um ciclo ou é um momento de transição?
Os cemitérios foram secularizados e ritos foram sendo mantidos e outros esquecidos mostrando o dinamismo e mutações da sociedade em diversos setores da cultura religiosa ou não.

 Saiba mais: AMORIM DA SILVA, Érica. O cotidiano da morte e a secularização dos cemitérios em Belém na segunda metade no século XIX (1950-1981). Disponível em: http://migre.me/5Gw6O

Postado por Luana Melo

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