Anonovo
Vejo o ano que termina. Os dias correm vagarosos. Mas o ano termina. Sempre terminamos um pouco com o ano que termina. Sempre terminamos um pouco a cada dia que termina. Sempre há alguma coisa terminando, se concluindo. Sempre há uma planta que se termina por dentro. Sempre há um amor que termina, como o ano que termina. Sempre há um abraço que termina, um beijo de despedida, um aceno para alguém que vai embora. Quero olhar melhor os pássaros. E também o mar. E também as caravelas que me habitam no meu próprio descobrimento. Não terei saudades do ano que termina. Mas também aconteceram coisas boas. Mas não terei saudade do ano que termina. Termina com ele alguma coisa minha, algum gesto que perdi talvez para sempre. Não sei dizer o que exatamente sinto. Nem é preciso dizer nada. Vejo o ano que termina no calendário. Conto os dias, as horas. Os minutos. A gente sempre termina um pouco junto com o ano que termina. O ano termina dentro de meu silêncio, eu ausente de mim. Vou ver amanhecer o novo ano. Olharei as estrelas do céu e talvez me sinta feliz.
(Álvaro Alves de Faria)
Álvaro Alves de Faria é jornalista, poeta e escritor.
O CENTRO DE MEMÓRIA DA AMAZÔNIA DESEJA A TODOS UM 2012 DE MUITA LUZ E HUMANIDADE. DESEJAMOS QUE A CADA NOVO OLHAR SOBRE NOSSAS LEMBRANÇAS MEMORIAIS HISTÓRICAS DO PARÁ TENHAMOS NOVAS PERSPECTIVAS DE AÇÕES EM PROL DE UMA "COMUNHÃO COLETIVA" DE CRESCIMENTO INTELECTUAL.
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