A planta do Engenho do Murutucú de 1884 foi encontrada em meio à documentação judiciária Cível pertencente ao Fundo “Tribunal de Justiça do Estado do Pará” que está sob a guarda do Centro de Memória da Amazônia – Universidade Federal do Pará. O título do documento é “Autos Cíveis de Aviventação das terras denominadas Murutucú” de 1906, depositado na 14ª Vara Cível / Cartório Sarmento.
O requerente do documento, João Fernandes da Costa Aguiar, iniciou o citado processo por ser inventariante e herdeiro do cônego José Lourenço da Costa Aguiar, antigo senhor do engenho e proprietário por títulos legais. O engenho Murutucú está situado no município de Belém e na Comarca da Capital, abrangendo uma área de 8 445 190 (oito milhões quatrocentos e quarenta e cinco mil cento e noventa) braças, com forma de polígono irregular de sete faces. Possuindo lavoura, casas, barracas e outras benfeitorias. Faz sua fronteira ao Sul com a linha tirada na junção dos igarapés Utinga e Boissuquara para formar o igarapé Murutucú, até o ponto em que a estrada do Aurá corta o braço Leste do Rio Aurá, local onde existe uma ponte. A Leste (Este) da estrada do Aurá e Oeste do igarapé Boissuquara (área vendida ao Governo do Estado para completar as obras de abastecimento de água desta Capital) [em 1906]. Toda a discussão em torno do processo se dá por conta da medição e demarcação judicial dos limites das terras do Murutucú e dos vizinhos.
Durante a demarcação as partes envolvidas discutem sobre onde se encontram os limites de suas propriedades. A demarcação foi feita por um engenheiro agrimensor. A descrição minuciosa da demarcação judicial está no processo dada em “graus e minutos” do ponto de partida, e a cada parada dá-se o nome de elemento, entre um elemento e outro encontra-se a localização de determinadas construções e localidades do terreno do engenho, por exemplo “1° marco - se encontra na boca do igarapé Tucunduba em sua margem esquerda. Este marco era confeccionado de Acapú, com setenta e seis centímetros para dentro da terra e na parte exposta fora da terra possui quatro faces ortogonais entalhadas, com a inscrição “&.e. – F.P.E.M” (dos nomes dos demarcantes) e por baixo disso o numero “1”, medindo onze centímetros cada uma das faces. Havendo a dez metros a esquerda e a direita do marco indicadores maiores de Acapú (uma a 287 graus e outra a 303 graus). E [elemento do 2° marco] qüinquagésimo quarto no de oitenta e nove graos e trinta minutos com sessenta e três metros. Neste elemento encontra-se do lado opposto a bacia do igarapé Bussuquara;”
A restauração foi feita por conta da planta ser encontrada em pedaços e sua localização ter sido palco de importantes eventos da história paraense, como a Cabanagem, a Revolta do “Cacaolinho”. E por ter sido a última morada do famoso arquiteto italiano Antonio Landi. A restauração foi feita com orientação da Ethel Soares inicialmente por Aliny do Carmo, Ana Rita Ramos e Yure Lee Martins (e no fim por Yure e Ana) e durou 3 semanas com 2 horas de dedicação por dia em média.
Nenhum comentário:
Postar um comentário